7 de agosto de 2010

Saulo de Moraes: um homem como poucos...

Nosso pai nasceu numa pequenina cidade do Estado de São Paulo, Conchas, em 1936. Teve uma infância pobre e difícil, como muitos em nosso Brasil. Caminhava descalço para ir à escola, diariamente, por cerca de 6 km, e, num tempo em que não havia merenda escolar e os alunos precisavam levar seus próprios lanches, ele nada levava. Assim como muitos...
As lutas do dia a dia da família contribuíam para que ele e seus irmãos saíssem em busca de codornas para o jantar, e os parcos recursos o levaram para o trabalho muito cedo. Aos 16 anos já havia trabalhado como vendedor de bananas e fazedor de gaiolas. Seguiu em sua jornada operária fazendo selas para cavalos e tijolos. Foi auxiliar de pedreiro, guia de cegos e ao trabalhar numa padaria desejava por demais comer as delícias que ali eram produzidas, mas não tinha o suficiente. Assim como muitos...
Aos 17 anos resolveu tentar a sorte na cidade grande, seguindo para São Paulo levando seus tostões poupados. Era um homem determinado e criativo! Para aprender a datilografar desenhou um teclado de máquina de escrever numa folha de papel. Conseguiu um emprego de datilógrafo numa loja maçônica.
Como office boy, foi aceito numa grande empresa exportadora de aço, e, dali, para outra empresa semelhante tendo sido convidado a ser secretário de um dos sócios.
Nosso pai era esforçado e extremamente honesto. Aprendemos com ele valores importantes da vida e vimos nele tudo o que ensinava.
Casou-se com mamãe, uma linda jovem de 17 anos, que engravidou no primeiro mês de casados! Dois anos depois mais uma criança a bordo e em meio a lutas financeiras, brigas e desentendimentos, viravam-se como dava. Assim como muitos...

Deus, em Sua graça e misericórdia, interveio nessa jovem família e transformou-a num lar feliz e saudável. Papai conseguiu, então, um emprego numa autarquia do Governo do Estado de São Paulo e ali trabalhou por 18 anos, sem, praticamente, tirar férias. Estudou depois de casado, numa faculdade de direito, sempre com as dificuldades que lhe eram peculiares. Então veio o desafio: Numa junção de empresas muitos são despedidos e papai, pela graça de Deus passa a ser o tesoureiro da nova empresa. Um dos poucos a não ser despedido. Vimos muitas vezes nossos pais orando e confiando no Senhor para grandes decisões. Deus é fiel!
Papai era conhecido por sua ética, lealdade e honestidade. Era um homem como poucos...
Aos 50 anos se aposentou, abençoado pela provisão divina. Nada faltaria a ele e à mamãe por conta de seu salário e bonus. Planejando cada passo, viveu em paz e com condições de sustento para ele e para a mamãe, como poucos...

Depois de experimentar milagres em sua vida, de cura e libertações, papai não resistiu à luta final. Um câncer o levou ao leito para a sua última batalha. Em todo o tempo não reclamou, apenas declarou sua fé e seu compromisso com a verdade. Mesmo sentindo horríveis dores,nao reclamou,mas confiou na graça de Deus e foi poupado, aleluia, como muito poucos...
Até o seu último suspiro foi um homem de principios, deixando-nos muitos exemplos. Homem fiel à família, à Deus e à esposa, viveu uma vida regrada e organizada. Partiu sem deixar qualquer dívida. Assim como muito poucos...
Papai foi um homem exemplo de integridade e de compromisso com a verdade, e, como muito, mas muito poucos, ele viveu e morreu coerente com seus princípios de fé.

Neste dia dos pais, nosso primeiro sem ele, sentimos um vazio enorme no coração. Uma saudade imensa bate no peito dos que o amavam, mas uma certeza maior ainda permanece: a de que ele, agora mesmo, está com Jesus num lugar infinitamente melhor onde não há dor nem tristeza.
Papai, se estivesse aqui agora, poderia dizer : "combati o bom combate, acabei a carreira e guardei a fé".
Nós o amaremos para sempre! Nosso exemplo de herói, nosso pai...
Saulo de Moraes, nosso pai terreno, está com o nosso Pai Celestial, e nosso Pai Celestial está sempre conosco!

Vera Lígia e Sérgio Paulo de Moraes

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